top of page
Buscar
Foto do escritorSerena Franco

Denise Fernández ( Mendoza 1989)



Meu sapo


Nasceu triste, como uma luz de neon. Hoje foi

desmembrado, 7 a.m. Três coisas honestas o

atravessavam. Um grupo de adolescentes que voltava

do bar. Um bisturi melodioso que vi pela

fechadura. São os pais que pensam que os

filhos somos eternos.




A borboleta que não é minha


Morreu antes que eu pudesse conhecê-la. E já era então

o que sempre havia sido. Está morta

como se pudesse despertar. Antes tinha que dizer que

não para que depois o sim fosse mais forte.




Meu mamute


Quando meu mamute se agacha , nasce a manhã.

Vocês aproveitam e saúdam o sol. Quem não

quer ser amado?

Os anjos o escolhem para tecer com sua pele

uma insígnia duradoura; sua pele suporta os temporais. O

sol é mais grande que o meu mamute.




O canguru que não é meu


Ela joga com a ideia de enquadre. O que vemos:

a cópia de uma cópia de uma cópia. E agora diz que

mãe só há uma; e que eu sou minha própria mãe. Isso,

mais que tudo. Um pai te deixa de outras maneiras.




Minha mariposa


O amor é menos que a soma das partes. Injusto

como três dias com suas duas noites. Mais distante,

mais alto. Agora te vejo encarar suas asas como se fossem

de outra.




O cavalo que não é meu


Pela tarde chega cansado, agradece que o vinho seja

vinho, e o pão, algo da palavra. Se a história tem

animais com personalidade, tem mensagem. Pela

noite se lava; arranca da pelagem o lucro que vejo nele.




Minha borboleta


O anjo põe carvão aceso na boca do profeta.

Nasce minha borboleta.

Eu tenho coisas, sim. Se chama Nãoseiquanto Borboleta. Seu

nome é temporal; sua beleza é o que me haviam

prometido. O arquétipo da flor azul do prado não

serve como arquétipo.





Poemas traduzidos do livro "Mis animales y los que no son míos" publicado por Mágicas Naranjas em 2020








11 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Mary Jo Bang (Missouri 1946)

Teoria da catástrofe III Agora nos sentamos e brincamos com um elefantinho de brinquedo que percorre um fio esticado. Agora somos usados...

Rafael Espinosa (Lima 1962)

Por ter parentes em todos os lugares, como qualquer semente transgênica melancólica, não é garantido que formemos, via o que eles beijam...

Marvin Bell (Nova York 1937)

Sobre o início do homem morto Quando o homem morto vomita, ele pensa que vê sua vida interior. Ao ver seu vômito, ele pensa que vê sua...

コメント


bottom of page