Meu sapo
Nasceu triste, como uma luz de neon. Hoje foi
desmembrado, 7 a.m. Três coisas honestas o
atravessavam. Um grupo de adolescentes que voltava
do bar. Um bisturi melodioso que vi pela
fechadura. São os pais que pensam que os
filhos somos eternos.
A borboleta que não é minha
Morreu antes que eu pudesse conhecê-la. E já era então
o que sempre havia sido. Está morta
como se pudesse despertar. Antes tinha que dizer que
não para que depois o sim fosse mais forte.
Meu mamute
Quando meu mamute se agacha , nasce a manhã.
Vocês aproveitam e saúdam o sol. Quem não
quer ser amado?
Os anjos o escolhem para tecer com sua pele
uma insígnia duradoura; sua pele suporta os temporais. O
sol é mais grande que o meu mamute.
O canguru que não é meu
Ela joga com a ideia de enquadre. O que vemos:
a cópia de uma cópia de uma cópia. E agora diz que
mãe só há uma; e que eu sou minha própria mãe. Isso,
mais que tudo. Um pai te deixa de outras maneiras.
Minha mariposa
O amor é menos que a soma das partes. Injusto
como três dias com suas duas noites. Mais distante,
mais alto. Agora te vejo encarar suas asas como se fossem
de outra.
O cavalo que não é meu
Pela tarde chega cansado, agradece que o vinho seja
vinho, e o pão, algo da palavra. Se a história tem
animais com personalidade, tem mensagem. Pela
noite se lava; arranca da pelagem o lucro que vejo nele.
Minha borboleta
O anjo põe carvão aceso na boca do profeta.
Nasce minha borboleta.
Eu tenho coisas, sim. Se chama Nãoseiquanto Borboleta. Seu
nome é temporal; sua beleza é o que me haviam
prometido. O arquétipo da flor azul do prado não
serve como arquétipo.
Poemas traduzidos do livro "Mis animales y los que no son míos" publicado por Mágicas Naranjas em 2020
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