Os cegos conduzindo aos cegos
Toma minha mão. Somos dois nesta cova.
O som que você ouve é água; você o ouvirá para sempre.
O chão em que caminha é pedra. Eu já estive aqui antes.
As pessoas vêm aqui nascer, encontrar, beijar,
sonhar e cavar e assassinar. Cuidado com a lama.
Sopra o verão em escassez de cavalos e rosas;
o outono com o som do som quebrando-se; o inverno introduz
suas mangas vazias pela escuridão de sua garganta.
Você distinguirá um sapo de um diamante, o punho da palma,
amor dos suores do amor, o despencar da decolagem.
Há um milhão de desvios. Eu já estive aqui antes.
Certa vez eu segui o fio deixado por uma voz
e quando voltei minha unhas se haviam convertido em garras.
Certa vez caí de um precipício. Outra achei ouro.
Certa vez me deparei com um crime, as finas curvas de uma garota.
Ande, continue andando, que há machados sobre nós.
Cuidado com ocasionais pontos e bolhas de luz,
aniversários, percepções: você mesmo, algum outro.
Cuidado com a lama. Ouça os sinos, os mendigos.
Uma coisa com asas se chocou enlouquecida contra meu peito certa vez.
Somos dois neste lugar. Toca-me.
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